Um jovem angolano de 31 anos criou um aplicativo destinado a melhorar as condições de segurança nos transportes públicos, e particularmente nos táxis, que permitirá reportar directamente à polícia qualquer situação de perigo ou de especulação de preços.
A aplicação, denominada Umbrella, está a ser desenvolvida pela empresa Select Service para a Meu Táxi Seguro. O aplicativo destina-se a operar no sector dos transportes e segurança pública, sobretudo na actividade de táxi no país, e vai permitir aos passageiros terem acesso aos perfis do motorista e do cobrador, denunciar eventuais especulações de preços, vias curtas, excesso de velocidade e maus tratos. O aplicativo inclui ainda um botão de alarme que permite reportar directamente ao Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) caso se verifique na viatura alguma situação de perigo.
A app Umbrella foi inventada por Januário Agostinho, economista de profissão que trabalha em tecnologia aplicadas a finanças, e funcionará com as viaturas que efectuam serviços de táxi em Angola e estejam cadastradas no serviço. Nesse caso ser-lhes-á atribuído um número de identificação fácil de decorar que será colado nas partes frontal e lateral, e por cima da viatura. Através deste número de identificação, tanto os passageiros como a Polícia Nacional e as associações de táxis vão poder aceder a toda a informação sobre o veículo.
Os passageiros poderão classificar o comportamento do motorista e do cobrador, bem como denunciar eventuais irregularidades. Todas as notificações de denúncias são enviadas directamente às autoridades policiais através do CISP.
“Estamos prontos para lançar a aplicação”, declarou Januário Agostinho ao Novo Jornal. “Apenas estamos à espera da autorização das entidades competentes que já tomaram conhecimento e gostaram do dispositivo, que será monitorizado pela empresa Meu Táxi Seguro, a qual já criou a logística para o efeito.”
“Os passageiros terão acesso também ao inovador menu perdidos e achados onde poderão reportar ou encontrar itens perdidos e achados no interior dos táxis ou na via pública”, acrescentou.
Januário Agostinho adianta que, para ter acesso à aplicação, o cidadão terá de se cadastrar para permitir que o dono da aplicação e as autoridades políciais tenham conhecimento de quem está a reportar a informação. Esse registo será feito após descarregar o aplicativo para um smartphone (telefone inteligente), e o custo será cobrado no seu saldo de dados. O botão de alarme é de utilização gratuita.
“O botão pânico alerta é somente usado para situações de perigo, assalto ou sequestros”, referiu. O passageiro, ao subir no táxi, pode logo saber, através do número de identificação, quem é o motorista e o cobrador, porque vai ver logo a foto e os dados dos dois. Aí ele vai comparar se está diante do verdadeiro condutor ou alguém que se faz passar por ele”.
Os proprietários de veículos que pretenderem ter o aplicativo instalado no seu carro deverão registar-se junto da empresa responsável pela aplicação, mas, segundo o inventor, o valor para instalação da app Umbrella será acessível e anual.
O aplicativo está pronto na versão 1.1, mas brevemente será lançado o modelo 1.2 com várias inovações, nomeadamente dando acesso a informações de trânsito em tempo real e permitindo a partilha de outras informações, como a existência de obstáculos na via pública.
Segundo Januário Agostinho, a Umbrella é a primeira aplicação com estas características, e o botão de alarme poderá baixar o nível de má condução nos veículos cadastrados porque o condutor saberá que está a ser monitorizado pelos passageiros e pelas autoridades através do número de identificação que estará visível aos passageiros.
A ideia da criação deste aplicativo surgiu durante uma viagem que Januário Agostinho fez à Namíbia em 2019, quando deixou por esquecimento uma das bagagens que transportava num táxi. Quando foi à polícia local reportar o assunto, verificou que, através das câmaras de vigilância, os agentes conseguiram ver o número de identificação do veículo e a partir dele encontrar o motorista.
“Eu pensei que se tivesse uma situação idêntica em Angola nunca havia de encontrar a minha bagagem”, conta.
“Porque entre nós não sabemos quem são os taxistas e não temos uma base de dados com toda a informação. E foi daí que surgiu a ideia de criar este aplicativo, mas com toda a informação, onde fosse possível reunir os dados relacionados com a actividade de táxi, através dos menus agora criados.”
Para Geraldo Wanga, coordenador da comissão instaladora do Sindicato dos Taxistas Angolanos, o aplicativo vai fazer com que os taxistas passem a ter maior responsabilidade no compromisso que têm com os cidadãos.
“Se anteriormente não havia, hoje já temos um aplicativo”, afirmou. “E aqueles que pensavam que os aplicativos são apenas para profissões bem conhecidas e que para o sector da actividade de táxi não havia necessidade porque é uma actividade que não é formal. Agora vai passar a pensar diferente.”
Para o ex-presidente e fundador da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), este aplicativo vai fazer com que os taxistas estejam preocupados com eles mesmos e com a avaliação da sociedade.
Segundo Geraldo Wanga, com a entrada em funcionamento da app Umbrella, as organizações de táxis terão de algum modo o trabalho facilitado, e considerou que a classe dos azuis e brancos será mais respeitada e organizada.